Os povos
bárbaros louvavam seus deuses pelos frutos produzidos pela mãe terra. No tempo
da colheita, acendiam fogueiras oferecendo sacrifícios, cantavam e dançavam.
Com o
domínio do cristianismo, as homenagens eram feitas para os santos do período
fértil e os rituais do fogo foram conservados por meio das figueiras e fogos de
artifícios.
Os
festejos juninos são uma herança trazida pelos portugueses católicos e
tornou-se tradição popular, tendo cinco séculos de existência.
Com a
participação e integração dos escravos nos festejos cristãos, aos poucos
instrumentos de percussão popular, tais como atabaques, zabumbas, agogôs e
outros, foram acrescentados ás orquestras bem como dança nos cortejos.
O ciclo
junino homenageia São José, Santo Antônio, São João, São Pedro e São Paulo, e é
uma das expressões culturais brasileiras mais participativas e comunitárias
celebradas pela igreja e a sociedade.
A
bandeira de São João, uma das últimas procissões dançantes do Brasil, onde essas
danças se realizam ao som de orquestras e instrumentos de percussão, sai as
primeiras horas após o acender das fogueiras.
Inicialmente,
a Bandeira e o Acorda Povo era um só evento. No final da procissão, a imagem do
santo era levado à Igreja da comunidade.
Com a
profanização do folguedo, que contribuiu pra enriquecer de beleza e animação os
cortejos, e após alguns grupos, exaltando-se nas bebidas e danças dentro do
recinto religioso, a Igreja Católica, proibiu a entrada para entrega da imagem
que era uma tradição da Bandeira.
Com o
sincretismo religioso de São João para Xangô, os folguedos foram absorvidos
pelas religiões afro-brasileiras e as Bandeiras passaram a sair dos terreiros.
A partir
daí, surgiram dois tipos de folguedos: as Bandeiras de São João com orações e
louvações ao santo e o Acorda Povo de madrugada com cantorias e danças ao som
de instrumentos de percussão sempre regados à cachaça, vinho e muita dança.
Atualmente, instituições
educativas e organizações populares estão preocupadas em resgatar esse folguedo
como parte da nossa identidade cultural.
Cria-se
um clima de festa, começando com a decoração da casa-capela, que é a casa do
padrinho ou madrinha de onde sai a Bandeira. Enfeitada de bandeirinhas e
balões, fogueira acesa, fogos no ar, cheiro de comida de milho, doces, bebidas
e muita música.
Os
participantes vestem-se com as cores do santo: vermelho e branco. Todos trazem
sua colaboração para o sucesso do folguedo; comidas juninas, bebidas, flores,
convidados. O andor fica no lugar amplo da casa com a imagem de São João do
Carneirinho , enfeitando com rosas brancas e vermelhas, em frente do qual as
pessoas rezam, benzem-se e fazem pedidos. Reza-se antes de sair pedindo benção,
louvando São João, dando vivas. Um dos participantes, vestido de padre, joga
pingos de água com sal (para limpeza) sobre os convidados. Após, água de
manjericão, para todos receberem proteções e graças. Fazem representação cênica
do batismo, louva-se a fogueira e o santo.
As cantorias e as músicas são elementos fundamentais
deste tipo de comemoração popular. Nelas estão inseridas os desejos, as
orações, e os agradecimentos das comunidades. O “Hino do Acorda Povo” e
“Louvação” são dois exemplos da perpetuação da tradição musical do cortejo.
- LOUVAÇÃO
( Antônio madureira, Ronaldo Brito e Assis Lima)
Meu São João
Meu São João
Hoje será tua festa
Saudemos tua bandeira.
São João mandou
São João mandou
Cantar, dançar noite inteira
Para louvar a fogueira.
- ACORDA
POVO
Acorda povo
Que o galo cantou
Foi São João
Que anunciou
Que bandeira é essa
Que vamos levar
É de São João
Para festejar
Acorda Povo
Que o galo cantou
É São João
Primo do senhor
Refrão...
Se São João soubesse
Quando era seu dia
Descia do céu
Com prazer e alegria
São João foi tomar banho
Com vinte e cinco donzelas
As donzelas caíram n' água
São João caiu com elas
Acorda povo que o galo cantou...
Refrão...
Ô meu São João
Eu vou me banhar
As minhas mazelas
No rio deixar
Refrão...
Ô meu São João
Eu vou me banhar
As minha mazelas
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